Não é preciso ter parado para pensar se vai ter filhos ou não para querer assistir a este filme.
Você nasceu e é provável que muitos bebês nasçam ao seu redor. E para entender um pouco deste processo lindo, natural e inspirador que é o nascimento, este documentário vai te explicar porque nascer nem está mais tão lindo, tão natural e tão inspirador assim.
“O Renascimento do Parto” é um documentário brasileiro que explica com números, perguntas, respostas e tudo mais que a gente precisa para entender que uma grande indústria de medicina comprada invadiu as maternidades e as cabeças dos nossos ginecologistas e obstetras.
Nascer até pouco tempo era um fenômeno absolutamente natural. Era em casa, com a parteira, a família em volta, um ritual. Hoje, o nascimento está relacionado a diversos procedimentos médicos duvidosos que colocam a mulher como objeto frente ao protagonismo cômodo e perigoso da cirurgia cesárea. E entre tantas informações que o filme nos apresenta, um mundo de tristezas, de maus-tratos e de mentiras ditas e feitas às mulheres. De chorar.
O filme mostra algumas das pérolas horrorosas que contam para as futuras mamães: de mentiras inacreditáveis ditas no conforto do consultório (do tipo: “mulheres urbanas não conseguem parir” e “ainda está muito cedo para você pensar no parto”) até os fatídicos e inescrupulosos “não tem dilatação”, “o cordão umbilical está enrolado na cabeça do bebê” ou “não entrou em trabalho de parto” – seguidos sempre, claro, de uma indicação de cesárea.
Dos fatos que nunca me contaram é que a cirurgia cesárea não é uma opção. Parto normal, humanizado, sem interferências médicas (episiotomia, ocitocina sintética etc) e com gente do bem é que é. A delicada cirurgia cesariana serve para salvar vidas, é uma intervenção maravilhosa que deve ser utilizada em uma minoria dos casos (15%, segundo a Organização Mundial de Saúde contra cerca de 52% praticados no Brasil – uma situação alarmante, que está ainda muito pior na rede privada, veja os quadros abaixo!).
Nós, mulheres, somos ainda tão frágeis perto das instituições que acham que mandam em nossos corpos: o hospital é só mais uma delas. Por essa razão eu, que não sou mãe nem nada, que nasci de uma cesárea desnecessária, quero levantar aqui a bandeira da gente respeitar a hora do nascimento por motivos infinitos que o documentário coloca.
Entre os relatos, impossível não se emocionar com as três gestações de Andrea Santa Rosa (esposa do ator Marcio Garcia), que conta das enganações e dos maus-tratos que passou na primeira gestação e das maravilhas de ter seu tempo respeitado em seus outros dois partos naturais.
Deixo a sugestão de que assistam ao teaser e corram para o cinema. Quanto mais contarmos que existe uma mentira sendo espalhada por aí, mais gente pode se beneficiar, se empoderar desse momento e dar a felicidade a um bebê de nascer quando estiver pronto. Simplesmente.